Certa noite, ao olhar
para as luzes no céu que tocavam o topo da montanha sagrada, o xamã previu que
o jovem filho do chefe, quando completasse dezesseis anos, deveria subir no
topo do grande monte sagrado para que os espíritos ancestrais o abençoassem e o
tornassem um grande líder para a tribo.
O tempo passou, e aquele
menino logo completaria dezesseis anos.
As luzes dos espíritos
somente apareciam no céu noturno durante o inverno quando a neve cobrisse
completamente o chão. Naquele dia, o jovem Chandak bem agasalhado e com comida
o suficiente para a viagem, partiu em direção ao seu destino.
Agora sozinho,
percebeu que a viagem era muito mais difícil do que parecia ser, e ele tinha dúvidas
se conseguiria voltar de sua jornada em segurança.
Com dificuldade, em
meio a neve, ele viajou por oito dias até que em uma noite de grande tempestade
de neve e vento gélido, encontrou abrigo em uma caverna. Acendendo uma fogueira
para se aquecer, de repente, um tigre feroz entrou na caverna com seus olhos
que mais representavam a morte do que qualquer outra coisa.
O jovem sabia que não
teria como se defender. Seria esse o destino para o qual o xamã o havia
enviado? Naquele momento, Chandak apenas conseguia pensar que jamais voltaria,
e que se sua tribo o procurasse nunca o encontrariam, e não poderiam saber o que
realmente havia ocorrido ali. Havia o xamã planejado enviá-lo diretamente para
as garras da morte e o traído?
Se não fosse por um grande
lobo branco que saiu do fundo da caverna atacando o tigre, salvando a vida do
jovem chefe da tribo, o que poderia ter acontecido?
O lobo lutou com o tigre até que já não lhe
restavam mais forças. Muito ferido, o tigre saiu da caverna na tempestade de
neve à procura de outro abrigo. Enquanto o grande lobo branco, exausto caiu
próximo da fogueira que Chandak havia feito. O lobo estava em prantos, um
pranto que partiu o coração do jovem chefe.
Ele agradeceu ao lobo
e aos espíritos por sua vida, e
ajoelhou-se próximo ao lobo para ver como estava, assustando-se ao ver que
estava profundamente ferido.
Chandak tentou acariciá-lo,
mas o lobo tentou levantar-se mostrando os dentes para ele. Conseguiu dar
poucos passos e logo caiu, seu choro era doloroso. Foi quando do fundo da
caverna saíram dois pequenos lobinhos brancos muito pequenos, que correram para
cheirar o focinho do lobo.
Então, o rapaz
percebeu que não era um lobo, mas uma loba, e que ela não havia salvado somente a ele.
Ela protegera seus dois pequenos e indefesos filhotes do ataque daquele terrível
e faminto tigre.
A loba não resistiu e
acabou morrendo rapidamente pela gravidade de seus ferimentos, deixando seus
pequenos e indefesos filhotes sozinhos.
Assim que o sol liberou
seus primeiros raios sobre a terra, com profunda dor em seu coração, o jovem
chefe decidiu que por gratidão cuidaria dos filhotes da loba.
Os colocou em sua bolsa, e mesmo que quisesse
levar a loba para a montanha onde deveria encontrar os espíritos
ancestrais, sabia que não poderia, pois outros animais logo viriam atrás dela,
Seguiu e não demorou
para alcançar a montanha, e bem ali, estava o tigre ainda ferido que o havia
atacado. Os lobinhos começaram a chorar com medo. Rapidamente ele subiu em uma árvore, mas o tigre esperaria.
Anoitecendo, a luz que
tocava o chão no céu surgiu e Chandak rezou para que os espíritos o ajudassem. Por
que o xamã o havia mandado para aquele lugar em direção a morte?
O tigre não iria sair
dali, e estava cada vez mais frio, com uma faca, ele quebrou um galho da árvore
onde estava e afiou sua ponta. Chandak acertou o tigre que dormia em baixo da árvore.
Como agora já não
havia mais perigo, ele desceu e voltou o mais rápido possível para a tribo com
os lobinhos.
Ao voltar questionou o
xamã sobre tê-lo colocado em perigo.
O xamã então lhe disse:
- Para que você Chandak
seja um homem e um grande chefe, não poderia andar sozinho, em sua vida,
precisará de um amigo fiel. São estes dois pequenos lobos que o protegerão
durante sua vida daqui em diante. A lição que aprendeu era necessária para
entender que a vida é difícil e cruel, mas que os bons princípios devem
prevalecer diante das dificuldades. Poderia tê-los abandonado, mas não o fez,
essa foi a prova de que será um grande líder e protegerá seu povo. Você passou no
teste o qual os espíritos ancestrais determinaram para que se torne um grande homem.
Os espíritos ancestrais tem orgulho do líder que logo você será para a nossa
tribo.
- Mas apenas me
tornarei líder após a morte de meu pai, e sei que ainda levará tempo para isso.
- Não, jovem Chandak,
seu pai está muio doente e não lhe resta muito tempo, por esse motivo os espiritos me mandaram prapará-lo.
Chandak então entendeu que precisava ser um grande líder para proteger seu povo, e agora ele já o era.
Por: Sabry Franco.
Imagens da Capa: Canva
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