O Peregrino de São Miguel






Um Peregrino com uma vela acesa em suas mãos seguia em direção as estrelas que lhe mostravam o caminho, o guiando para a capela de São Miguel.
O Peregrino ajoelhou-se no chão fazendo sua prece para descansar seus passos, adormecendo no aconchego da luz da vela.
Enquanto tudo adormecia durante a noite, os morcegos voavam na escuridão.
Um pequeno morcego pousou em um galho para sentir o sabor de uma fruta de romã, que estava encostada em uma árvore sem vida, derrubando suas últimas folhas secas no chão ao lado do Peregrino.
Ele ficou ali de cabeça para baixo olhando atentamente, tentando entender aquele menino, pois diferente do que se costuma pensar morcegos não são cegos. Durante toda a escuridão da noite ele permaneceu ali, apenas o observando.
Quando surgia o primeiro raio de sol, o sino da igreja tocava marcando suas primeiras badaladas de um novo dia, acordando ao longe, o peregrino com sua prece agradecia por mais um amanhecer, se despedindo da capela de São Miguel.
O pequeno morcego voltava para a sua caverna, se perguntando qual é o sentido da fé?


Já próximo ao anoitecer, o Peregrino retornava e o pequeno morcego se escondia entre as folhas da romã, escutando a prece do menino nas sombras da noite e assim se repetiu por mais duas vezes.
O orvalho cobria as folhas e as flores, as regando com suavidade, o pequeno morcego se aproximou, dando mais um passo para olhar mais perto, balançando o galho em que estava, derrubou uma gota de orvalho no nariz do pequeno peregrino.
Sentindo a gota de água molhando seu nariz, acordou. O pequeno morcego estava ali de cabeça para baixo na ponta do galho com um brilho em seus olhos, o olhando como se quisesse lhe fazer uma pergunta.
O peregrino estendeu sua mão ao alcance da vela, a segurou levantando para cima iluminando tudo o que estava ao seu redor. O pequeno morcego sentindo o calor da luz voo para a escuridão.
Com seus olhinhos tristes sentia cada vez mais o frio da noite, apagando a chama em seu coração.



Voltou novamente para perto da capela, olhando o menino adormecido, tentando entender o que era a fé, se aproximando da luz da vela, para sentir seu calor. Foi quando uma forte brisa soprou empurrando a vela para junto da estátua da capela, iluminando sua face.
O pequeno morceguinho olhando para a estátua da capela sentiu suas lágrimas serem consoladas, e seus olhos voltando a brilharem. Sentia que suas perguntas aos poucos começaram a serem respondidas.
Voou para mais perto da estátua, pousando em seus braços, sentia que agora poderia entender a fé, então perguntou para São Miguel, um calor o envolveu, sentindo aquele aconchego deitou-se nos braços da estátua e adormeceu.

Então o pequeno morcego entendeu o sentido da fé. A fé é aquilo que traz consolo nos dias mais sombrios e solitários na jornada chamada vida.



Por: Ale Franco

Imagens da Capa: Canva

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