O Caminho do Conselheiro do Rei


Há muito tempo atrás, um rei muito temido, ao cair de seu cavalo voltando da guerra, teve sua coroa quebrada. E como a coroa é um símbolo importante para um nobre governante, ele ordenou que seu conselheiro, o qual tinha sua mais profunda confiança, atravessasse despercebido pelos campos de guerra até o outro lado, pois um pouco mais adiante, no meio de um bosque vivia um ferreiro muito habilidoso, que forjava as mais belas espadas e coroas para os mais nobres reis de todas as regiões.

No dia Seguinte, o Conselheiro mandou preparar uma carroça com um fundo falso, o qual coubesse um pequeno baú, onde ele esconderia dentro a coroa do rei.  Então o Conselheiro vestiu-se como um camponês, pegou um saquinho com seu dinheiro e ao amanhecer do novo dia, ele partiu.

Como o Conselheiro era um homem de muita fé, pediu proteção divina durante sua viagem, foi quando antes de chegar próximo ao campo onde estava acontecendo a guerra, surgiu um homem jovem e humilde, na beira da estrada carregando um cesto muito grande e pesado em suas costas.

– Meu Senhor, por favor, poderia me ajudar, preciso levar este cesto cheio de frutas, legumes e verduras para o ferreiro que vive na montanha e para chegar até ele, eu preciso atravessar por terras perigosas.

Por um segundo o Conselheiro apenas o olhou, então lhe disse:

– Meu Jovem, gostaria de ajudá-lo, mas não tenho certeza se eu deveria.

– Perdoe-me por incomodá-lo, meu senhor. – O jovem virou-se de costas para o Conselheiro. Foi quando o Conselheiro, o chamou.

– Perdoe-me, mas estamos em tempos difíceis e desconfiar de todos se tornou algo normal. Venha, eu o levarei, pois também seguirei para esta direção.

Então, o jovem subiu na carroça, aparentemente vazia. E partiu junto ao Conselheiro, que se perguntava se havia feito a escolha certa ao ter seguido viagem com aquele desconhecido.

Ao anoitecer a carruagem foi parada na estrada por um grupo de ladrões armados.

– Saiam e nos entreguem a carroça! – gritaram eles.

– Por favor, essa carroça é tudo o que eu tenho. – E o Conselheiro lhes entregou todo o dinheiro que carregava. – Vocês podem ficar com todo meu dinheiro, mas eu tenho pressa, por favor, deixem me passar.

– Se você prefere nos entregar todo o seu dinheiro, é porque está escondendo algo valioso. Disse um dos ladrões.  – O que há nesta carroça?

– Não há nada aqui, que possa lhes interessar. Vão agora! – disse o Jovem com seriedade.

Então os ladrões partiram e os dois viajantes seguiram viagem.



Ainda naquela noite chegaram ao reino inimigo, onde ocorria a guerra. E mais uma vez, eles foram parados na estrada, desta vez por soldados que vigiavam o lugar.

– Para onde vão? – perguntou o soldado.

– Preciso ver um parente que vive nas montanhas, logo após esse reino - disse o Conselheiro.

– De onde você é? Não sabe que estamos em guerra com o reino vizinho. Nós os levaremos até o outro lado do campo em segurança por um caminho longe do confronto. Essas terras não são seguras para dois viajantes.

– Obrigada, nós agradecemos muito - disse o Conselheiro.

– Eu trago esta cesta cheia de legumes, frutas e vegetais, peço que aceitem, pois em todos os reinos sabe-se que a guerra carrega consigo a fome e a miséria.

– Agradecemos muito - disseram os soldados.

Então, viajaram por mais dois dias até chegar ao bosque onde vivia o ferreiro, mas o Conselheiro nada havia dito durante toda a viagem, foi quando um grupo de andarilhos cercaram a carruagem para roubá-la.

Foi quando o Jovem sacou uma espada e lutou com o bando de ladrões até afugentá-los.

– Siga por esta estrada até o anoitecer. Assim que chegar até a casa do ferreiro, ele não estará em casa. Você deve o esperar até o amanhecer. Quando voltar para o seu rei, ele não estará mais nesse mundo, mas lhe entregou um grande poder. Ao escolher o novo governante, escolha o sobrinho como novo rei, pois a paz reinará por cem anos nessas terras. Se escolher o filho, a guerra não terá mais fim. Entregue a coroa, para o melhor futuro rei. Como eu salvei sua vida por três vezes, lhe peço que considere minhas palavras.

Quando o Conselheiro se virou para olhá-lo, ele havia desaparecido. Rapidamente ele seguiu até a casa do ferreiro e como o Jovem havia dito, ele chegou somente ao amanhecer.

Logo que a coroa estava pronta, o Conselheiro regressou, e no caminho os soldados que haviam recebido o cesto do Jovem, agradecidos pelas frutas, verduras e legumes, escoltaram-no em segurança. Ao retornar para o Rei, ele soube que ele havia morrido na guerra e deixou um decreto:

 Se seu fiel conselheiro conseguisse regressar com a coroa, símbolo de sua soberania, ele deveria entregá-la ao herdeiro do trono.

Lembrando das palavras do Jovem, ele a entregou ao sobrinho do Rei, para que governasse, mas o filho do Rei não aceitou que seu primo tomasse seu lugar, então ordenou que ele fosse jogado em uma cova cheia de lobos. E na manhã seguinte quando voltaram para vê-lo, o rapaz estava deitado com os lobos dormindo ao seu lado, que lhe aqueceram do frio.

Todos ficaram surpresos, e assim souberam que o Sobrinho do Rei deveria ser o novo Governante daquelas terras para que houvesse paz, e não mais guerra, fome e miséria. Pois, o povo é reflexo da atuação do governante que domina o poder de trazer prosperidade e fortuna para o seu povo.

E assim o Conselheiro o fez, pois para um nobre Rei, o bem de seu povo é o mais importante.



Por Ale e Sabry Franco



Créditos: Imagens do Canva



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