Era
uma vez, há muito tempo atrás, quando no mundo ainda existia magia e
encantamentos, em uma terra mística onde viviam bruxas e dragões, perto deste
lugar, um velho muito sábio viajava com o vento, carregando em suas viagens um
poder tão grande que quem olhasse para ele jamais acreditaria que ele era tão
poderoso. Este velho muito sábio era o Mestre das Poções.
Então,
a Brisa da Lua soprou para o sul e o velho sábio caminhou para o seu destino. E
ele chegou em um vilarejo. Já dizia o Mestre das Poções: só existe uma coisa
que as artes místicas não conseguem fazer... um preguiçoso querer trabalhar
direito. Mas não sabia ele, que naquela jornada encontraria um adversário digno
de ser considerado um rival.
Ali
vivia uma bela jovem em uma casa cercada de tulipas coloridas que sonhava em se
casar com o Duque das Terras do Sul, seu amado que foi para a guerra por dois
anos, mas um dia ao retornar o Duque passou por ela e a ignorou como se não a
conhecesse, e a partir desse dia, as tulipas começaram a morrer e a jovem
passou a ter uma enfermidade que ninguém sabia o que era.
O
vento soprou e o Mestre das Poções pegou um pequeno vidro e jogou sobre si e
neste instante suas roupas de mago se transformaram em roupas comuns como se ele
fosse um velho humilde e viajante.
Ele
se aproximou da casa da jovem e no mesmo instante percebeu que a grama estava
morrendo e pairava sobre a casa uma nuvem escura que escondia o sol. Aquilo foi
o suficiente para ele perceber que o inimigo era poderoso.
Então
o Mestre das Poções disse:
-
Sou um pobre viajante que veio de muito longe e cheguei até essas terras, me
permitiria dormir em seu celeiro até que eu descanse para continuar viajando?
Sem
muita energia a jovem lhe disse que sim.
Intrigado,
o Mestre das Poções percebeu que a energia maligna ao anoitecer ficava mais
forte, e todos os dias ela continuava roubando o calor do sol.
-
Minha jovem você está muito pálida, tome um chá com essa erva que eu trago em
minhas viagens e você irá se sentir melhor. - E ela assim o fez, e de fato a
jovem parecia melhor.
Ao
anoitecer o Mestre das Poções fazia uma poção e jogava ao redor da casa quando
ninguém estava olhando. Depois de cinco dias a jovem estava recuperada e já não
havia mais a escuridão sobre a casa.
Até que certa tarde, um homem bem vestido
apareceu, ele parou diante da casa e permaneceu apenas olhando, e logo partiu.
Preocupado,
o Mestre das Poções chamou a jovem e lhe disse:
-
Minha jovem, uma forte tempestade se aproxima, permaneça dentro de sua casa e
não saia, mesmo que o vento pareça arrancar as paredes.
Com
medo e a jovem concordou.
Naquela
noite, o vento mudou e uma forte tempestade parecia querer destruir a casa da
jovem, dentro do celeiro, o Mestre das Poções abriu um de seus frascos e jogou
lá fora no ar e em segundos a tempestade desapareceu, a lua cheia e as estrelas
brilhavam no céu noturno.
Com
outro frasco, o Mestre das Poções o lançou no ar e uma névoa branca balançou
com o vento e ele pode ver através dela.
Ali
estavam dois homens.
-
Senhor Astucioso, já faz um mês que lhe paguei três sacos de ouro e nada
aconteceu – disse o homem.
-
O Senhor me pagou três sacos de ouro para que o amado da jovem a ignorasse e
ela ficasse magoada com ele. A minha parte eu fiz, agora para fazê-la procurar
o senhor é outro feitiço e é mais caro. – Este era o homem que foi até a casa
da jovem pela tarde.
-
Eu pago, faça ela me querer.
-
Deixa comigo, com todo mundo deu certo com você não vai ser diferente, o
feitiço do calendário resolve tudo e funciona mais rápido, só que ele é mais
caro que os outros – disse o admirado Astucioso, que entendia todos os caminhos
da manipulação pela feitiçaria e da arte de amarrar pessoas contra suas
vontades. - Para que dê certo preciso que você me traga mais trinta sacos de
ouro, porque a moça não te ama, mas com trinta sacos de ouro é o suficiente
para ela te amar durante toda sua vida.
-
Eu pago, faça rápido, pois tenho pressa.
Depois,
o segundo veio procurá-lo.
-
A moça não veio me procurar, para me vender barato a sua casa, quero me mudar
logo, e não quero gastar muito.
-
O Senhor me pagou cinco sacos de ouro para desvalorizar o terreno e a casa da
jovem, agora para fazê-la vender a casa é outro feitiço.
-
Eu pago, faça ela me vender sua casa.
-
Deixa comigo, o feitiço do calendário resolve tudo e funciona mais rápido, só
que ele é muito caro. Me traga mais cem sacos de ouro, pois com cem sacos de
ouro é o suficiente para ela te vender a casa por sete sacos de ouro, não se
preocupe. – disse para o segundo.
-
Eu pago, faça rápido, pois tenho pressa, e não quero gastar muito.
Depois
o terceiro veio procurá-lo.
-
A moça não veio me procurar, é muito longe para ir visitar ela todos os dias e
é muito cansativo, é mais fácil que ela me procure e declare seu amor para mim,
e que ela mesmo organize o casamento.
-
A moça não foi lhe procurar porque ela já tem alguém no coração, para fazê-la
esquecer ele, e começar a pensar no senhor para depois lhe procurar é mais
caro.
-
O senhor tem razão, é muito trabalhoso pensar em tudo isso, eu pago e o senhor
resolve.
-
O feitiço do calendário resolve tudo e funciona mais rápido, só que ele é muito
caro. Para que dê certo preciso que você me traga mais quarenta sacos de ouro,
porque a moça ama outro homem, mas com quarenta sacos de ouro é o suficiente
para ela esquecer esse homem e vir te procurar – disse para o preguiçoso.
- Eu pago, faça rápido, pois tenho pressa.
Agora
com cento e setenta sacos de ouro, ele fez o feitiço do calendário.
Quando o relógio marcou meia-noite, Astucioso escreveu no calendário:
Cada dia que passar e a jovem não procurar o primeiro, vender a casa para o segundo e amar o terceiro e lhe propor casamento, ao passar dos dias do ano, ela vai sofrer até fazer isso.
-
Com todo mundo deu certo, e não será diferente agora. Um feitiço que me deu
muito dinheiro. Eu sou muito bom. – Astucioso comemorava sem saber o que
aconteceria.
Nesse
momento, o Mestre das Poções, sentiu que um grande mal se aproximava. Então,
ele anotou em um calendário antigo que estava ali na parede:
Meu
Deus, não sei quem fez todo esse mal,
Mas
o Senhor sabe,
Que
o mal volte para:
“ALGUÉM”
E
proteja essa jovem o ano inteiro.
No
mesmo instante o calendário de Astucioso caiu no chão com uma rajada de vento,
e ele soube que o mal estava voltando. Então ele decidiu fazer algo inteligente.
Ele fugiu.
Agora com muito dinheiro, Astucioso juntou
todos os seus pertences, colocou tudo em uma carruagem, e
antes de partir deixou um bilhete escrito ao lado de uma vela queimada, que
dizia:
Não
volte o mal para mim, pois eu apenas fui pago
Volte
para quem pagou,
Pois
se eles não tivessem pago,
Como
eu teria feito alguma coisa?
Sou
inocente. Adeus.
Então
agora muito rico ele se mudou, e deixou os senhores que resolvessem o problema
que eles mesmos procuraram e pagaram.
No
dia seguinte, o amado da jovem veio procurá-la pedindo em casamento, e ela
aceitou. O sol brilhava, a grama estava verde e as flores coloriam a terra. O
encanto havia se quebrado.
Na
semana seguinte, houve uma grande festa de casamento, e lá estavam os três
homens que haviam pago o Astucioso indignados e confusos, e os três no mesmo
dia foram procurá-lo para tirar satisfações, mas não havia ninguém morando na
velha casa.
A
jovem e o duque foram morar na casa da jovem que ela não vendeu e transformou
em uma mansão muito valiosa.
E o Mestre das Poções como em todas as vezes, seguiu o vento.
Moral:
Quem cava a Cova para os Outros... Cuidado pra não cair dentro do buraco...
Por: Irmãs Franco Ale e Sabry
Créditos de Imagens: Canva
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